A inevitabilidade da morte vem incitando os homens desde a antiguidade,ou seja, desde sempre, a se questionar e levantar várias teorias em torno dessaquestão como por exemplo: em que se transforma a matéria e o princípio vital dosseres orgânicos após a morte? Será a morte o fim da existência? Será a alma imortal?
Um pensamento interessante e que faz muito sentido é quando Freud descreve em seu trabalho sobre o luto: Quando se investe toda libido num unico objeto, e quando o mesmo se torna inexistente, a perda desse objeto pode causar danos significativos em seu processo psicológico. A partir dos escritos de FREUD, (1917) outros importantes conceitos foram tratados por renomados estudiosos dos assuntos como: Deustch, Klein, e tantos outros citado em: (Um Estudo Sobre A Tanatologia).
Certamente viver o luto de forma tangível ou não, pela perda por morte, por separação, por desemprego, por perda material significativa, entre outros motivos, é algo muito difícil. Vivenciar o luto traz alguns danos significativos na vida da pessoa. Quanto maior for o vínculo estabelecido com a pessoa que parte, maior serão os danos causados por esse rompimento. Algumas pessoas se desestabilizam emocionalmente, podendo até mesmodesenvolver algumas patologias como a depressão por exemplo, por esse motivo se torna imprescindível o estudo sobre a morte. Trazer esse conteúdo é de extrema importância a todos principalmente aos profissionais da área da saúde que estão em contato diretamente com pessoas enlutadas ou em fases terminais.
O luto é entendido como uma importante transição psicossocial, com impacto emtodas as áreas de influência humana. (PARKES, 1998).
Identificar e entender as raízes do pesar, os danos causados pelo luto e a maneira de ajudar os enlutados a emergir desse sofrimento é algo crucial, já quea transitoriedade da vida é algo inevitável.
Percebo no cotidiano como a maioria das pessoas tem dificuldade para lidar com algo que incrivelmente faz parte da nossa existência. Não sabemos o momento que a morte irá ocorrer, porém vivemos como se ela estivesse tão distante de nós. Pensamos que esta seja a razão ou maneira de evitar, de defender e de se proteger do sofrimento que a perda nos traz. Sabemos que vai acontecer, mas não nos preparamos e temos dificuldades para olhar para essa realidade. Na verdade, nós sempre a negamos.
Pensar na morte, faz lembrar de fatos essenciais da vida humana: impotência, e falta de controle e questões fundamentais da nossa limitação. Como consequência, vivemos numa época de medicalização, querendo nos livrar da tristeza e dos efeitos dos envelhecimentos. “Podemos transformar o corpo, mas não evitamos que ele morra, podemos decidir entre marcas na prateleira, mas não decidimos deixar de morrer, podemos fazer nossas próprias regras, mas entre elas não dá para viver para sempre”. ((PAUSCH, 2015).
Quando pensamos na transitoriedade da vida, isso certamente renova em nós o valor da vida, faz-nos dar mais atenção às coisas essenciais, faz-nos viver momentos mais felizes e prestar mais atenção às escolhas que a vida nos coloca.
Estudar sobre o processo da morte é algo muito importante porque nos faz refletir sobre vários aspectos da vida, de forma a nos preparar, nos fortalecer e nos capacitar no manejo desse fato, primeiramente referente a nós mesmos e depois a ajudar pessoas enlutadas a lidar melhor, uma vez que o sofrimento faz parte da vida.
Torna-se necessário ter um olhar corajoso e realista para ajudar os profissionais no enfrentamento dessa situação, principalmente quando se refere a doentes em fases terminais. Estudar sobre os impactos e reações emocionais que a morte e a perda causam às pessoas, essencialmente é uma forma de contribuir para saúde mental da humanidade.
Sentir a dor e a angústia de perceber a vida se esvanecer, certamente é muito difícil,porém esse sentimento é amenizado quando estamos acompanhados por entes queridos, profissionais dedicados e comprometidos a olhar não para doença, mas pelo doente. Isso ajuda a lidar melhor para a dor física e psíquica na proximidade da morte (Revista época: A enfermaria entre a vida e a morte)
Os cuidados paliativos trouxeram mudanças significativas na maneira de cuidarde doentes em fases terminais, estabelecendo conceitos e práticas médicas diferentes do habitual. Nesse sentido, cuidar não significa curar, mas sim um olhar que dignifica o ser humano, colocando em evidência o muito que podemos fazer, mesmo diante da inevitabilidade da morte.
Os médicos foram treinados a salvar vidas a qualquer custo, passando até mesmo uma imagem de deuses. Essa ideia fez com que alguns profissionais recorressem à procedimentos invasivos e dolorosos para o paciente, afim de adiar a morte. Os cuidados paliativos, que surgiram na década de 60, vêm transformando significativamente a vida de muitas pessoas, colocando em evidência a visão de muitos profissionais da área médica, ajudando-os a repensar sobre a morte na contemporaneidade.
Cicely Sanders uma das primeiras e mais influentes profissionais da área a acreditar na importância de amenizar as dores, especilamente em pacientes em fase terminal, uma das pioneiras em cuidados paliativos.
“O sofrimento só é intolerável se ninguém cuida”. Ela dizia a seus pacientes: “Quero que você sinta que me importo pelo fato de você ser você, que me importo até o último momento de sua vida e que faremos tudo o que estiver ao nosso alcance,não somente para ajudá-lo a morrer em paz, mas também para você viver até odia de sua morte”. Cuidados paliativos priorizam a qualidade da vida possível – e não o prolongamento da vida a qualquer preço.
Graças ao empenho de importantes estudiosos do assunto, tais cuidados vêm ganhando credibilidade mundialmente nesse modelo de assistência e o Ministério da Saúde no Brasil se inclui nesta jornada.
Não parece tão simples dizer “não” aos procedimentos invasivos quando a pessoa se
encontra como uma doença grave, porque surge um medo ou uma dúvida se estamos realmente fazendo a coisa certa, principalmente quando apessoa doente é por exemplo um filho, uma mãe. Vivemos realmente um impasse quando estamos frente a um ente querido prestes a morrer, queremos fazer de tudo para trazê-lo de volta à vida, ao mesmo tempo queremos atenuar mais sofrimento. como confrontar a ideia que compõe a equipe médica que chega com conceitos pré-estabelecido de salvar vida a qualquer custo? Com certeza um momento impactante na vida. A probabilidade da culpa o arrependimento é algo natural do ser humano, aprender a lidar, procurar ajuda de um profissional capacitado é recomendado nestes casos, não precisamos enfrentar sozinhos. Acredito que os cuidados paliativos vêm, para nos libertar, aliviar desse peso, e ajuda de certa maneira a aceitar a finitude, e viver os poucosdias ou horas que resta com qualidade, tendo possibilidade de estar perto de quem ama, ou poder decidir como morrer. O melhor na minha opinião é aliviar ador física e psíquica do paciente até a hora derradeira. Cuidar é escutar a demanda da vida. É não tratar como morte o que é vida e como coisa o que é gente. A antiga parábola Budista Sobre a Universalidade da Morte, acrescenta enos dá uma dimensão sobre a relação que temos com a morte, nos ensinando que todos sem excessão vive esta situção em algum momento.
Considerando todos os estudos sobre Tanatologia que esse módulo nos presenteou, com belas reflexões, algo ficou em mim: frente a inevitabilidade da morte, devemos sempre estar atentos a valorização da vida, e lembrar o quão importante são os profissionais que se dedicaram aos cuidados paliativos, trazendo dignidade à pessoa no momento que vê aproximidade da morte.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ÉPOCA, Revista A enfermaria entre a vida e a morte 14/08/2008 Disponível htt://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 18/10/2021.
MAMED, Artur, Um Estudo Sobre Tanatologia, (Equipe Técnica de Avaliação).
Margarida, Maria M.J Carvalho. A dor do adoecer e morrer. Pepsic 2009 Disponivel em:
<https://www.pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415- 711X2009000200009 Acesso em 23/10/2021
PARKES, C. M. Luto: estudos sobre a perda na vida adulta. São Paulo: Summus, 1998. PAUSCH, Randy: A Lição Final, 2015. Editora Agir
KLEIN, M. O luto e sua relação com os estados maníaco-depressivo. Obras completas.
Buenos aires: Paidos-Hormes, 1075.
KUBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fontes.