No primeiro dia, senti medo, quer dizer, o medo veio antes, no dia da matricula, quando o funcionário da mantenedora perguntou se a matricula era para o meu filho. Será que parecia tão velha?
Mas, relevei. Fiquei firme e no primeiro dia de aula fui. Fui com medo.
Mas medo de que?
Ah sei lá, e se todos forem tão “moços” como era o funcionário da escola? E, me olhassem daquele jeito?.
Que jeito?
Ah um olhar jovem!
O que é um olhar jovem?.
Para mim, naquele momento seria um olhar de reprovação. Com certeza diriam:
O que uma mulher depois dos quarenta (quase aos cinquenta, mas ninguém precisa saber) vai fazer em uma faculdade?. Vai aprender o que? Será que não está na hora dela se aposentar e deixar o caminho para nós jovens?.
Ah os jovens de novo!.
Aquele grupo iria me matar!!!!!
Sobrevivi ao primeiro dia.
No, segundo dia, menos tensa, percebi que haviam pessoas mais velhas, digo experientes.
Pessoas com mais de quarenta anos têm cara de ovo, já perceberam?.
Pois é, achei a minha turma. Todos estavam lá, só que no primeiro momento não vi .
E fui continuando. Na primeira semana, os grupos foram se formando e para minha alegria haviam muitas pessoas acima dos quarenta e nós (lógico) fomos nos aproximando.
Desta forma fui formando minha figura-fundo ou será matriz de identidade.
Os grupos se misturavam, as pessoas (jovens e velhas), em torno de algum comum, o aprendizado. Afinal não era tão apavorante assim.
Aquela classe, que me deu tanto medo, começou a mostrar que o que eles queriam era o que eu queria.
O tempo foi passando, dias, semanas meses, provas, trabalhos, fui conhecendo as pessoas (agora eram pessoas não mais jovens e velhos), e eu me acalmando.
É, minha visão estava mais para a formação de conceitos pré estabelecidos, do que para o aqui e agora. Afinal, a classe não é formada por jovens e velhos, ou brancos e negros, ou religiosos e ateus. Era formada por pessoas, com interesses iguais.
Percebi, não tarde demais, que o aprendizado, o estudo, a pesquisa, e a ajuda ao próximo eram o interesse do grupo, isto é real, isto nos une, independentemente de nossas diferenças.
O grupo é uma realidade da qual o individuo faz parte, mesmo aqueles que se sentem ignorados, isolados ou rejeitados. Desse modo, a dinâmica deste grupo, seja por processo de crescimento, de separação, de diferenciação, afetará os indivíduos que o constituem (Kurt Lewin).