A aposentadoria é um processo na vida do Ser Humano que muitas vezes pode ser desejada e esperada, mas quando ela acontece à vida da pessoa virá de cabeça para baixo. No começo a sensação é de férias, mas com o passar do tempo, o individuo se percebe sem nada para fazer, sem um lugar determinado em seu contexto familiar e social, e com isso as boas expectativas e a motivação começam a dar lugar a sentimentos de tristeza, de desvalia e pensamentos negativos o que podem levar a doenças mais sérias como a depressão e o uso de álcool e drogas.
A pressão que a sociedade exerce sobre as pessoas para que adotem certos papéis será proporcional à importância desses papéis na referida sociedade. Nas sociedades industriais, observa-se a importância particular dos papéis profissionais, pois eles representam um valor central. É o trabalho que dá ao sujeito sua posição social, uma vez que é por meio do papel profissional que a pessoa tem acesso à rede de comunicação social (Albuquerque & cols., 1999).
Sob esse aspecto, quando a pessoa se aposenta, perde sua rede de comunicação como também, seu lugar na sociedade. Por essa análise, a aposentadoria conduz a uma volta à família, para tentar encontrar um novo equilíbrio compensador para a estabilidade perdida. Segundo Albuquerque e cols. (1999), no período de aposentadoria, devido às mudanças psicológicas, o indivíduo se vê em uma situação difícil porque percebe as transformações corporais que ocorrem com sua identidade. O fato de aceitar essas mudanças é dificultado pelo grupo social, que deixa de valorizar o aposentado, tirando seu lugar na sociedade. A aposentadoria é entendida ainda como a perda mais importante na vida social do individuo, pois a partir dela, virão outras perdas que afetarão a estrutura psicológica da pessoa. Essas perdas estão relacionadas com a diminuição de renda, a ansiedade frente ao vazio deixado pelo trabalho e o aumento de consultas médicas. (França, 1999).
De acordo com França (1999), na aposentadoria podem ocorrer sentimentos de depressão por falta de um planejamento para o futuro e também porque o aposentado já não esta mais trabalhando. Nesse período, é muito comum casos de doenças psicossomáticas adquiridas após o desligamento do trabalho, casos de mortes súbitas, principalmente, nos três primeiros anos de aposentadoria. De acordo com França (1999), para o aposentado ter um melhor enfrentamento destas condições frustrantes, é necessário um planejamento de vida, no qual se prevê a distribuição de tempo e mudanças necessárias relativas à afetividade, vida familiar, lazer, participação sócio comunitária e um trabalho voluntário ou remunerado. Assim, a criação de um programa de preparação à aposentadoria seria um beneficio tanto para o indivíduo como também para a empresa que estaria investindo e ajudando o empregador a aumentar conhecimentos e tomar decisões importantes em relação ao futuro.
A criação de programas de preparação à aposentadoria deve estar sempre condicionada à empresa, ao indivíduo e a sociedade onde será implantado. Este programa deve ser estruturado de forma a atender as diversidades dos envolvidos e deve ter um caráter informativo. É de suma importância que contenham na sua estrutura uma pesquisa alvo de necessidades, materiais, a participação de outros aposentados, que desenvolvam experiências positivas, a integração da família e uma equipe multidisciplinar, incluindo o psicólogo que pode ter uma grande contribuição, trabalhando com grupos de aposentados, palestras com assuntos voltados a crises, perdas, família, entre outros e até intervenções mais diretas se houver necessidade.